Thursday, December 27, 2012

Sem Título

Tá cada vez mais difícil
Fingir relacionamentos
Agora sou adulto
Cansei de protocolos

Saturday, December 15, 2012

Sem Título

Eu
Teu
Ateu
A teu                                  
                                  Dispor

Sunday, December 2, 2012

Ítalo-nordestino do cabelo ruim


Sou um ítalo-nordestino do cabelo ruim

Adoro comer arroz e pirão de peixe, bolo de cenoura e tapioca
Posso ficar o dia todo numa rede, sentindo o sol
Gosto de ver as empregadas reunidas no hall dos prédios

Sou branquelo, cresci ouvindo dialeto vêneto
Adoro polenta com queijo, vinho e uva
Dou risada com a bagunça da italianada

Amo samba, MPB e cultura popular
Como arroz e feijão toda semana umas três vezes
Gosto de deixar coisas pra depois

Sou gaúcho, sou nordestino, sou latino?
Depois de tanto conflito existencial,
De tantas experiências diferentes,
De tantas feridas, bullyings e alegrias,
Posso afirmar, sem medo de ser feliz,
Que sou um ítalo-nordestino do cabelo ruim

Y me gusta!


Wednesday, October 31, 2012

Provocando a Academia Brasileira de Letras (ou uma pessoa insegura)

Deixa eu te dizer
Que você tá linda
Vem cá, me dê um beijo
Que eu lhe amo
Pra quê essa insegurança?
Deixa ela pra lá!
A gente precisa viver
Sem se preocupar

A gente precisa criar
A nossa própria gramática

Wednesday, September 12, 2012

Me duele

Me duele cuando pienso en mi vida
cuando creo que no valió la pena
cuando me vienen las dudas
cuando las caras no me hacen acordar a mis amigos
cuando la inocencia se me escapa
cuando me cae el mundo en cima

Me duele no ser la misma persona
no reirme de las cosas de antes
no creer en lo que creía
no encontrar un final

Me duele saber que estoy en el medio del camino
que ya no puedo volver al principio
y que quiero llegar al otro lado, pero no lo veo

Me duele sentirme angustiado y desorientado
me duele la rutina
me duele no tenerlos
me duele saber que estoy viviendo como se debe vivir

Y escribo en español porque es la lengua del sentimiento, de la pasión avasalladora, de la tristeza cruda. Es la lengua que me ensenó dónde está mi lugar.

Monday, September 10, 2012

Vida


                            Caos





                                                        ]E vice-versa[

Monday, August 6, 2012

Livrarias

Hoje fui ao shopping com a minha família e, enquanto eles tomavam café, eu fui a uma livraria próxima. Finalmente entendi por que eu adoro tanto esse ambiente. Entendi que livros não são apenas algumas páginas sobrepostas nem a seção de best-sellers dos jornais; são vidas pedindo para serem examinadas, investigadas e compartilhadas. Tomemos como exemplo um livro acadêmico de medicina. São anos de estudo, de pesquisas, de erros e acertos, tentativas, choros, alegrias, entrevistas, curiosidades, frustrações, leituras, manuais, hospitais para que se forme uma ideia, uma teoria, e ela tome forma em corpo escrito. Um livro de poesia talvez não requeira tanta pesquisa, mas exige sentimento, culpa, desgosto, felicidade, chocolate, levar com a cara no chão, perder, perder-se, achar, achar-se, amar, amar-se, e caberia aqui um monte de verbos reflexivos. Outro caso, livro de culinária, deve ser uma delícia, com o perdão do trocadilho. Imagino que tantas fotos e páginas tenham que ter sido refeitas com pingos e pedacinhos de comida, eu não resistiria. Ademais, quantas vezes não terá precisado o autor pensar num prato, cozinhá-lo, achar o ponto, provar, fotografar?

Livros não são objetos, têm vida, têm alma, são imortais. A alegria de entrar numa livraria consiste em ter aberto diante de si o mundo, dissecado, escancarado e ainda catalogado, pra que a gente se perca nos assuntos da vida. A gente até se perde no meio daquilo tudo, mas ao se perder, a gente se acha. Ler um sumário é como começar a conhecer uma pessoa, começamos com o nome da obra, quando foi publicada, em que contexto, do que se trata e, a partir daí, o nosso eu nos diz, me interessa!, ou, nem a pau, que coisa chata!. O livro é mais honesto, menos político, vai direto ao por que veio, parece que traz mais segurança.

Assim como o café ou o chimarrão, o livro é uma forma que o homem encontrou de dividir-se, de compartilhar-se com os outros. A diferença deste para aqueles é que este não necessariamente precisa de uma segunda pessoa física; geralmente é o papel e eu. Nós dois, um imaginando o outro. Vou procurando nas seções algo que me interessa, vejo aquela capa bonita, aquele título sedutor e quero decifrar aquele mistério inicial, saber o porquê da sensação de atração. O autor do livro talvez nem pensasse no seu público ao escrever, mas saber que alguém vai ler faz a gente se sentir aliviado, aliviado das dores, saudades, melancolias e amores que não cabem na alma e no corpo e que se nos esvaem à medida que escrevemos. Do mesmo jeito que a psicologia diz que falar ajuda, eu digo que escrever ajuda, e muito.

As livrarias são fascinantes porque provam que duas pessoas interessantes podem se conhecer e se dar bem sem jamais terem se conhecido ou ouvido falar uma da outra. O poder dos livros e das palavras, do encantamento, do estranhamento é deslumbrante por ser reconfortante e complementar; eles estão lá, procurando ser vistos e entendidos, e nós vamos em busca deles, aspirando que nos toquem a alma ou nos ajudem a compreender este mundo. 

Da próxima vez que fores à livraria, entra, lê os títulos e demora. Todos os relacionamentos pedem um pouco de paciência.

Monday, July 16, 2012

Não me olhas

Se só consegues ver a minha barba e o meu cabelo,
Nunca olharás o profundo dos meus olhos.

Friday, July 13, 2012

É assim

Fiquei 10 meses em Londres
e não a possuí
não conheci o café dos estudantes
não senti o calor do sol no final de tarde
não me abri a quase ninguém
sempre tive que me programar

Fiquei 5 dias em Lisboa
e já fiz planos de vida
já sei onde vou almoçar nos finais de semana
já sei onde se vendem os melhores doces
imaginei meu trajeto de casa pro trabalho
planejei férias para a Espanha

Gosto de ver os bondinhos
e podia repetir tudo isso
sem metrificar
sem pensar nas linhas do metrô

A vida é engraçada mesmo

Saturday, July 7, 2012

Impaciência

Dá licença
mas hoje tô sem paciência
pra tentar me decifrar

Lirismo Coletivo

Os meus amigos são partes de mim
espalhadas neste mar de manifestações

Somos os nós-líricos
em meio aos eles-líricos

Sem Título

Não sei até que ponto
as pessoas me conhecem
Não sei até que ponto
eu quero me revelar
Eu gosto de carregar mistério,
de imaginar reações,
de bancar o difícil
Eu gosto mesmo
é de viver nas ideias
Este mundo é concreto demais
para quem não busca coisas óbvias

Sem Título

Alguém ache o meu muro de Berlim
e acabe com esta Guerra Fria
dentro de mim

Vida

Deus escreve certo
por linhas tortas
A gente escreve errado
por linhas retas
Mas neste caderno sem linhas
eu
                                   escrevo
   sobre  mim

como                                                 eu
    quiser
!

Obs.: este poema foi escrito num caderno de folhas brancas


Friday, June 22, 2012

Tuesday, June 5, 2012

Tô te esperando!

E se eu disser que não gosto dela
E se eu não me vestir bem
E se eu resolver não me pentear quando levantar da cama
E se eu não quiser um carro, e sim uma bicicleta
E se eu não parcelar em 12 vezes
E se eu disser que mudei
E se eu te contar o que nunca te contei por presumir que tu não me entenderia
E se eu disser que fui machucado, mas que hoje tô bem

E se eu admitir que nunca gostei de futebol
E se eu te chamar pra dançar comigo no quarto
E se eu for irracional só porque acho a vida mais bonita dessa forma
E se eu puser duas colheres de sopa de açúcar no meu chá

E se eu for eu na mais cru e nuda forma de me mostrar
Tu ainda vem bater mais um papo comigo?

Tô te esperando!




Thursday, April 19, 2012

List of my life

Bed
when you are sad
Sex
when you are mad
Shower
when you are dirty
Kitchen
when you are hungry
Street
when you are bored
Sweet
when it's bitter
Coffee
when you are sleepy
Gym
when you are unfit
Beer
when you are excited
Pizza
when you are lazy
Friends
when you are lonely
Trips
when you are ready
Music
to make it all worth considering

Eu posso me tornar seu chefe

Vocês

continuam a perpetuar essa animalidade barata e viciosa
continuam a olhar para os outros com posse
acham que são os melhores e gabam-se do que têm
só sabem contar e não cantar
vão de férias para a Europa e não sabem nem a história do seu país
caçoam dos meninos afeminados da escola
caçoam das meninas que não têm os sapatos novos
só sabem olhar o que lhes está óbvio
não imaginam quão mal fazem aos mais frágeis
àqueles que os respeitam e só lhes bastaria um olhar de igualdade
sabem de falácias e de atrações, mas não entendem o poder da linguagem e do corpo
parecem fadados à mesmice e à conformação

Deixem-nos em paz, só queremos ter nosso espaço e nossa liberdade de atuar
de tomar um café
de estudar, discutir
de usar qualquer roupa
de sair de cabelo em pé
de falar sobre sexo
de experimentar

Vocês estão na época do cinema preto e branco
e nós estamos no Facebook

De fato, parece-me que ainda têm muito o que aprender
e eu estou disposto a ensinar
abram a cabeça!

Tuesday, April 3, 2012

Londres

Londres,
Tens avenidas largas
Tens lojas imensas
Tens mercados de rua
Tens ônibus de dois andares
Tens tua própria arquitetura
Tens diversidade
Tens oportunidades
Tens lendas urbanas
Tens museus e galerias
Tens parques

Mas faltam-te coisas que o dinheiro não compra
Falta-te aprender que as coisas materiais têm prazo de validade,
porém as pessoas não
Falta-te humanizar-te, aprender a compartilhar
Falta cheiro de café

Sobram-te Barbies
Sobram-te bitucas de cigarro
Sobram-te banqueiros
Sobra-te arrogância

Transborda-te perfeição!

Desculpa, mas não quero essa perfeição
Está me engolindo, destruindo minha inspiração
Está me tornando uma máquina, me desumanizando

Espero que, quando eu voltar, tenhas aprendido
A ser educado não porque aprendes que isso é correto
Mas porque sentes que é assim que pessoas boas devem ser tratadas

Espero que conquistes pela simpatia e calor humano
E não pelo dinheiro e pela prepotência

Cheguei como aluno, sinto que vou embora como professor
Ah Londres, ainda tens muito o que aprender



Friday, March 30, 2012

Jazz antes de dormir

A música torna bom o peso da existência humana.
Some o caos, entra a harmonia.

E só, não dá pra escrever; tem-se que sentir.

Wednesday, March 14, 2012

Àqueles com um tempinho para novas ideias.

Volta e meia me pego sendo criança, pensando em coisas infantis ou lembrando a infância com uma saudade boa. Hoje fiz o mesmo e acabei chegando à expressão "fazer arte". O nosso ouvido tá acostumado a ouvir isso como se fosse algo negativo, danoso ou prejudicial. Mas pensem comigo: toda criança é um artista em potencial, livre de preconceitos, cheio de ideias, ansioso por mudanças, dono do seu tempo, observador, emotivo, entre outros. Como fazer arte pode ser algo ruim? Melar as roupas com lama, com comida; calçar sapatos largos ou de salto e andar torto; rir de qualquer coisa; pintar; perguntar o que vier à cabeça; maravilhar-se com bonecos. Quem nos pune por sermos criativos deveria repensar suas atitudes.
Também aí me sinto a criança repreendida. Agora mesmo no ambiente de trabalho, de cobrança, de seriedade, as pessoas tão sempre em cima, não parece haver espaço pra criatividade. Perdoem-me a prepotência, mas acho que sou um artista, e como tal, me sinto um pouco castrado com as impressões que a sociedade tem me mostrado. No entanto, esta é uma mensagem positiva, e como tal, se propõe a fazer pensar e a criar ideias.
Quem sabe amanhã a gente desenha no guardanapo do almoço no intervalo de 30 minutos? Quem sabe a gente olha pros prédios da rua onde moramos e identificamos os traços arquitetônicos? Quem sabe a gente toca a campainha e sai correndo?

Quem sabe a gente faz arte sem se sentir repreendido?

Tuesday, February 28, 2012

Felicidade instantânea

"Saiu a música nova!"
Baixei
Ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi...

Tuesday, January 31, 2012

Madrugada

A madrugada
É um vazio
Que me preenche
Que não me faz pensar
Que só me deixa ser e estar
Me faz sonhar acordado

Mexo no cabelo
Escrevo no computador
Mudo a música
Ela tá ali
Não reclama; consente

A madrugada é uma aliada
Uma amiga fiel
Uma amante
Me deixa ser sem cobrar
E a gente sabe
Que após todos os dias
Por mais pesados e corridos que tenham sido
Ela vai voltar
E vai trazer consigo
A leveza da delicadeza
E a lembrança da simplicidade

Saturday, January 21, 2012

The Cranberries, International Relations and Justice

So I was listening to "Animal Instinct" from The Cranberries and suddenly it struck me: where is my animal instinct? Do I have one?

In order to get to the answer, I have to recap some of the things that have happened to me recently.

I have been walking over London looking out for a job. It works like this: I wake up, I go to an off license shop, I print and copy a lot of CVs and then I hit the streets. I get on the tube, reach any place I think might have any opportunity for me and wander around, always with eyes wide open for any "staff required" sign. What am I looking for? It's not just any job. If I've learnt any lesson from my previous job - where I worked from 50 to 60 hours per week and where people had no time to go out - is that I'm fighting against this system. I'm looking for a place where employers and employees work together and respect hierarchy, yet both know they are humans and can learn from each other. I'm looking for people who don't equate what you do for living with what you do while you live, people that take their time every now and then, people that can appreciate a sunset. I'm looking for a place where being kind doesn't mean being weak.

Am I asking for too much? And the more you walk, with the wind blowing in your face, bringing no answers, but more questions and doubts, the more you see that the opposite places and people are out there, reading, writing, teaching their children, producing, consuming, affecting you somehow. Consequently you wonder: where do I fit? Where am I suitable? and you also realize how many people have to work just to make some money and survive, having no time to think about themselves and their wellbeing. It's also dawn to you the fact that we are, in general, so demanding - scrutinizing people, what they do and why, what they wear and why - and that we are so many. We are a mass of people, driven by market forces, where everyone has to be different and super-ultra-good in something very specific, and by doing so we end up being all the same. We criticise, but we are the ones who demand, who want everything always better, faster, stronger, cleaner, taller, smaller, etc, usually not doing ours best so as to deserve it.

So finally there is the animal instinct; it's fueling people's everyday lives, waking them up and leading their decisions. I know I'm now entering a political field, the old discussion involving the state of nature and law, but it's almost impossible for someone who studies International Relations and has always been very curious to keep it out of his/her thoughts.

Anyway, I realized I may have animal instincts deep inside me, hidden somewhere, maybe blocked, but what I do have and I'm most proud of is my human instinct. It's not about greed, safety, cheating, advantages or efficiency. It's about self-conciousness, happiness, sense of humour and justice.

I'm fighting for justice and this is my manifest. I know I'm not the only one and I do know the world is going to bring me down several times, but I won't give up. My human instinct may be not natural, it's likely to have been constructed by my family, my education and the things I have seen or simply by my ingenuity. But it doesn't matter. My mind will always be a resort to my ideas, my body will lead the way to actions and words, and if everything I have now is solid and consistent, it's because I've followed my heart.


Sunday, January 8, 2012

Cobaia



Cada distorção da guitarra
É um arranhão que me dás
São as tuas unhas encravadas na minha pele
É o suor que escorre no nosso corpo uno
É a vontade de te conhecer melhor
São mais hormônios na corrente sanguínea
É o desejo de te ter, de te possuir
São os gemidos que me sussurras aos ouvidos
São puxões de cabelo

Esta música me erotiza como poucas coisas o fazem. Vou usá-la contigo, amor desconhecido.

Monday, January 2, 2012

E=mc²

É tão estranho e engraçado notar como vemos o tempo. Uma hora pode passar num segundo quando temos um amigo ao nosso lado, e dez minutos tornam-se uma eternidade se estamos entediados em casa. Mas, mais do que o comprimento, importa-me mais a densidade dessa unidade de medida; o que se faz, o que se fez, o peso das decisões, as imagens vistas, o que se sentiu.

Acabei de perceber que domei o tempo, peguei-o de surpresa, tirei-lhe a varinha mágica. Antes estava fora, agora está aqui dentro! Posso tocá-lo, controlá-lo, mudá-lo e, principalmente, dar-lhe ordens! Tínhamos uma relação peculiar, dominada por incertezas, por medos, sobretudo o de que ele resolvesse não ser denso, ou seja, resolvesse ser longo e pouco intenso. Entretanto, lidar com a densidade do tempo é um daqueles males necessários, como aprender a se conhecer, como se descobrir. Para atar o tempo a si, é preciso ser paciente, astuto, e um bom ouvinte de si próprio.

Passei à fase 2. Se antes me achava feio, hoje me amo; se ontem eu era estranho e tinha poucos amigos, hoje não abro mão do que obtive; se não agrado, não é esta cabeça que se preocupa. Com o tempo é o mesmo, aprendi a conhecê-lo e a torná-lo o que eu quero que seja.

Um pôr-do-sol, uma borboleta, uma música, uma série de TV, um papo com amigos, uma tristeza, um choro, uma foto, um rio, uma piada, um prédio. As coisas simples de que gosto passaram a preencher o vazio daquele tempo chato, daqueles dias em que tudo não funciona e que, antigamente, o tempo tornaria ruim. Hoje eu o pego, o castigo e digo não! "Hoje não me vences!"

O tempo é mesmo relativo, porque somos nós que devemos torná-lo denso, aproveitável, intenso e maravilhoso. Pode parecer que não há nada à nossa volta, que o tempo é curto ou longo demais, mas não é isso que importa. Quando estiveres assim, meio pra baixo, perguntando-te se as coisas valeram/ valem a pena, basta olhar dentro de ti e ouvir bater o coração. É ali que está o ritmo da vida!