Sunday, April 17, 2011

Café!

Café!

Com leite
Com chocolate
Com canela
Com baunilha
Com açúcar
Com adoçante
Com menta
Com chantilly

Com você!

Proteções

Estive muito exposto à dor de pensar, às expectativas inocentes que não se realizavam, ao amor a longo prazo, à efemeridade da vida e à condenação perpétua dos de bom coração: ser bobo.

Sofria a isso calado, com os olhos em direção ao céu, com a mente perdida num horizonte intangível e, quiçá, inconcretizável.

Mas ele vem v i n d o...vindo! Chegou!

Pode não ser o que eu imaginara, mas chegou!

Amigos, companheiros, família, eu-mesmo - não o pessimista, mas o incentivador de loucuras apaixonáveis! - fizeram-me um cásulo, deram-me de comer, sinto a metamorfose.

Não sei se está completa, mas está em rumo. Um dia voarei!

Monday, April 11, 2011

Cansei

Uma vez eu estava ao lado de uma pessoa assistindo a TV - estávamos acompanhando uma edição do programa Globo Repórter, sobre a China -, quando o repórter mencionou algumas características da milenar cultura chinesa. Iniciando pela religião, ele comentou a respeito dos dragões chineses e das estrelas e de como os locais associam as duas coisas, e a pessoa ao meu lado falou: "Olha esses aí, que ridículos!" (A frase não foi exatamente essa, mas o sentido que ele lhe dera sim, e é isso que importa para este texto).

Isso me atingiu de uma forma tão diferente e inesperada, realmente fiquei decepcionado com a concepção do ser-humano ao meu lado. Eu já sabia que ele tinha uma mente bem fechada para diversas coisas, mas a manifestação verbal e diminutiva que ele proferiu me deixou paralisado. A sua cristandade cega e a maneira como ele a tornara uma arma dos racionais para com os irracionais me soaram de tal forma agressivas e positivistas que eu venho me recordando desse fato há três anos. Por que só agora resolvi externalizá-lo? Porque tudo tem um contexto.

Estou com medo. Não medo de comunistas, de burgueses ávidos por capital, de 2012 ou de atentados terroristas. O nosso problema é mais raso. Medo da direção à qual caminha o Brasil (e talvez o mundo, mas a reflexão de hoje é sobre o nosso país). A pessoa do início do texto está vivendo uma situação econômica bem favorável, e isso a está tornando mais importante. Ela tem mais contatos, ela dá mais ordens, ela agora tem um carro, ela cursa Direito, ela vai defender posições no nosso Congresso, nas ruas, nos bares. Ela vai ter filhos, e provavelmente lhes passará suas tradições. Nestes dois anos e pouco de faculdade, a vida me abriu portas, me abriu pessoas, lugares e oportunidades; as mais interessantes foram as diferentes, foram as humildes, as surpreendentes e, sobretudo, as críticas. E percebi como cresci como ser-humano, como me humanizei! Tenho medo de uma ditadura não oficial dessa maioria assustadora.

Estamos vivendo anos de não-crítica, de não-pensar, de não-ser diferente. Tudo tem que ser igual, rápido, eficiente, economicamente racional, pronto, frio. O médico tem que curar um paciente e contar ao outro que tem 5 dias de vida. O deputado tem que escrever um discurso maravilhoso para convencer o povo de algo de que ele não precisa. Nós precisamos comprar o que está na moda para sermos felizes, para não nos encararem estranho na rua e para nos valorizarmos como seres sociais. Temos que fazer aulas de mandarim na segunda às duas da manhã e ter uma reunião entre o almoço pronto do Mcdonald's e a aula da faculdade porque o mercado está mais e mais competitivo. Estamos abandonando nossas convicções, crenças, sentimentos e humanidade porque há muita cobrança, muita informação e muitas obrigações.

Mas isso, na verdade, não me parece algo novo. Claro que está mais evidente, mas isso é uma consequência do ritmo de vida que temos levado nos últimos anos. Tudo está mais intenso. A grande questão é que as pessoas continuam a ser ignorantes, e pior ainda, muitas delas continuam usando a ignorância dos outros a seu favor.

Continuamos a falar de direita e esquerda, de sequência de Fibonacci, de direitos humanos, da revolução da mídia, mas a grande verdade é que nunca se discute a base de tudo isso. A escola é um grande monstro de desestímulo às discussões benéficas. Não se fala sobre sexo, sobre o papel do ser-humano, sobre as nossas diferenças. Prega-se o igual. Tu tens que ser o mais inteligente para passar no vestibular e aí colocarem o teu nome nos outdoors, sem que eles se preocupem se é isso que realmente queres. Ser inteligente, curioso e querer descobrir não te faz uma pessoa melhor no colégio; ao contrário, te torna uma ovelha negra, numa época em que nossa cabeça não está muito estabilizada com nós próprios e com o mundo. Sem falar da necessidade que as escolas têm de passar os alunos para que eles continuem matriculados nelas.

Cansei-me, sinceramente. Desculpem pela trivialidade do texto - todo mundo já falou mal do sistema - mas eu me indignei com a situação do nosso país, que eu amo muito. O dinheiro está inundando nossas bolsas de valores, mas também o coração das pessoas. Estamos ficando mais importantes, temos mais poder e possibilidades, mas não estamos disseminando o respeito, a educação e os bons valores. Acabaremos formando conservadores, burocratas, pessoas frias; acabaremos com mais carros poluentes nas ruas e mais pessoas comprando outras pessoas; não haverá espaço para confiança, porque as verdinhas são os contratos.

Tô cansado de culpar o capitalismo; a culpa é da natureza humana mesmo, coisa que nunca discutimos porque nos parece trivial demais. "Ele faz, eu faço também" dizem os idiotas. Cansei-me dos idiotas também. Cansei-me dos não-humanos, desses zumbis que andam de óculos escuros neste mundo ensolarado.

Leitores deste blog, são pessoas como vocês que me incentivam a continuar! Obrigado!

Saturday, April 2, 2011