Thursday, July 21, 2011

A gente é bom!

Eu costumava ser tão rígido com a nossa Língua Portuguesa. Achava-a pior do que as línguas latinas conhecidas, achava que não valia a pena ser aprendida e ficava triste por não usarmos o "tu" ou o "nós" de maneira cotidiana e correta. Para colocar em fácil linguagem, eu era cri-cri!

Agora entendi o quão brasileiro é o nosso Português.
"Estamos sentados na grama do parque"
"A gente tá sentado na grama do parque"

Assim como o jeitinho brasileiro está nas músicas, nas compras, nos estudos e em tantas outras atividades, ele invadiu também o nosso falar. Burlamos o "nós", roubamos "a gente", despimo-lo da sua função coletiva de 3º pessoa do singular e lhe metemos um plural.

Aqui no Brasil a gente somos nós, a gente faz e acontece, a gente engloba eu e você.

Que a gente use mais a locução "a gente"! A gente será mais coletivo, mais solto, mais malandro sem fazer mal a ninguém.

A gente é bom!

Saturday, June 11, 2011

Tô que tô!

Quero ter um cantinho meu
Uma janela que dá pro quintal
Uma caneca de porcelana
Me deitar na cama
Sentir o cheiro que me lembrará
Que estou lá, que é a minha casa

Quero música tocando
Pra espantar o mau-olhado
Convidar amigos
Sem cobrança
Só amizade
Só alegria
Só pureza
Que beleza!

Quero gente que ria
Gente que chore
Gente minha e de cada um
Quero falar de política
De bobagem
De trivialidades

Quero tristeza
Pra me lembrar da alegria
Melancolia
Epidemia
Contágio (de risos!)
Aha-ha-ha

Quero ter vista do Sol
Sentir o calor na pele
Parar o meu tempo
Pelo menos por uns segundos

Quero ser relativo
Nada quero ser inteiro

Quero um porta-retrato na parede
Na sacada uma rede
Na cozinha um forno à lenha
No meu quarto um amor pra vida toda

Quero inventar


Sunday, May 29, 2011

Máscara de palhaço

Há uns dois meses, eu saí do restaurante em que estava almoçando num dia ensolarado de domingo e tomei um caminho "alternativo" para chegar em casa. Era menos movimentado, tinha umas mesas e cadeiras, uma espécie de corredor entre a saída do restaurante e a rua. Para minha surpresa, vi ali sentado um homem com roupas coloridas, sapatos grandes, rosto pintado. Tinha sido um palhaço, não o era mais! Numa das mãos segurava um cigarro aceso, olhava distante para lugar nenhum, estava aproveitando o momento seu de ser ele mesmo, de desvestir-se do que fora.

Aquilo me intrigou, de certo modo. Antes, um ser-humano que é para os outros, que se doa, se dá, se joga; agora um homem para si. Não pude vê-lo e analisá-lo tempo suficiente para dizer se ele estava triste ou alegre, mas com certeza ele estava refletindo sobre algo. Talvez na efemeridade da vida? Talvez numa doença que acabara de descobrir? Talvez na traição da sua esposa? Talvez no dinheiro que receberia pelo trabalho? Não sei, mas a intriga me pegou!

Não pela curiosidade - o que eu mesmo esperaria de mim! -, mas pela percepção de que somos vários. Somos vários porque queremos ou porque não queremos ser nós mesmos? Porque temos vergonha ou porque não temos outras opções?

Seja qual for a resposta, o certo é que há vários eus e outros em nós. O certo é que, em muitos momentos, temos que nos adaptar a situações. Mas eu tenho um receio: o de que, ao sermos as várias coisas, deixemos de ser nós mesmos.

Monday, May 9, 2011

Prazeres de Cada Dia

Ele sai de casa
Põe os pés na rua e caminha ao seu destino
Destino conhecido, tempo lento de divagações
Local definido, pouca pressa

Preocupações mínimas
..Ou talvez diferentes!

Preocupação em encontrar a música mais adequada,
O assobio que mais combine,
O compasso ideal para seus dedos serelepes,
Ideal de achar a moldura para aquele dia!

Tarefa arriscada,
Pelas crianças, pelos sorrisos, pelo parque
Distrações diversas, multiplicidade de escolhas!

O certo é que no final do dia,
mesmo sem moldura completa,
mesmo ainda com ânsia de terminar o que pensou em começar,
ele volta pra casa ansioso pelos dias que ele ainda irá batizar.

Sunday, April 17, 2011

Café!

Café!

Com leite
Com chocolate
Com canela
Com baunilha
Com açúcar
Com adoçante
Com menta
Com chantilly

Com você!

Proteções

Estive muito exposto à dor de pensar, às expectativas inocentes que não se realizavam, ao amor a longo prazo, à efemeridade da vida e à condenação perpétua dos de bom coração: ser bobo.

Sofria a isso calado, com os olhos em direção ao céu, com a mente perdida num horizonte intangível e, quiçá, inconcretizável.

Mas ele vem v i n d o...vindo! Chegou!

Pode não ser o que eu imaginara, mas chegou!

Amigos, companheiros, família, eu-mesmo - não o pessimista, mas o incentivador de loucuras apaixonáveis! - fizeram-me um cásulo, deram-me de comer, sinto a metamorfose.

Não sei se está completa, mas está em rumo. Um dia voarei!

Monday, April 11, 2011

Cansei

Uma vez eu estava ao lado de uma pessoa assistindo a TV - estávamos acompanhando uma edição do programa Globo Repórter, sobre a China -, quando o repórter mencionou algumas características da milenar cultura chinesa. Iniciando pela religião, ele comentou a respeito dos dragões chineses e das estrelas e de como os locais associam as duas coisas, e a pessoa ao meu lado falou: "Olha esses aí, que ridículos!" (A frase não foi exatamente essa, mas o sentido que ele lhe dera sim, e é isso que importa para este texto).

Isso me atingiu de uma forma tão diferente e inesperada, realmente fiquei decepcionado com a concepção do ser-humano ao meu lado. Eu já sabia que ele tinha uma mente bem fechada para diversas coisas, mas a manifestação verbal e diminutiva que ele proferiu me deixou paralisado. A sua cristandade cega e a maneira como ele a tornara uma arma dos racionais para com os irracionais me soaram de tal forma agressivas e positivistas que eu venho me recordando desse fato há três anos. Por que só agora resolvi externalizá-lo? Porque tudo tem um contexto.

Estou com medo. Não medo de comunistas, de burgueses ávidos por capital, de 2012 ou de atentados terroristas. O nosso problema é mais raso. Medo da direção à qual caminha o Brasil (e talvez o mundo, mas a reflexão de hoje é sobre o nosso país). A pessoa do início do texto está vivendo uma situação econômica bem favorável, e isso a está tornando mais importante. Ela tem mais contatos, ela dá mais ordens, ela agora tem um carro, ela cursa Direito, ela vai defender posições no nosso Congresso, nas ruas, nos bares. Ela vai ter filhos, e provavelmente lhes passará suas tradições. Nestes dois anos e pouco de faculdade, a vida me abriu portas, me abriu pessoas, lugares e oportunidades; as mais interessantes foram as diferentes, foram as humildes, as surpreendentes e, sobretudo, as críticas. E percebi como cresci como ser-humano, como me humanizei! Tenho medo de uma ditadura não oficial dessa maioria assustadora.

Estamos vivendo anos de não-crítica, de não-pensar, de não-ser diferente. Tudo tem que ser igual, rápido, eficiente, economicamente racional, pronto, frio. O médico tem que curar um paciente e contar ao outro que tem 5 dias de vida. O deputado tem que escrever um discurso maravilhoso para convencer o povo de algo de que ele não precisa. Nós precisamos comprar o que está na moda para sermos felizes, para não nos encararem estranho na rua e para nos valorizarmos como seres sociais. Temos que fazer aulas de mandarim na segunda às duas da manhã e ter uma reunião entre o almoço pronto do Mcdonald's e a aula da faculdade porque o mercado está mais e mais competitivo. Estamos abandonando nossas convicções, crenças, sentimentos e humanidade porque há muita cobrança, muita informação e muitas obrigações.

Mas isso, na verdade, não me parece algo novo. Claro que está mais evidente, mas isso é uma consequência do ritmo de vida que temos levado nos últimos anos. Tudo está mais intenso. A grande questão é que as pessoas continuam a ser ignorantes, e pior ainda, muitas delas continuam usando a ignorância dos outros a seu favor.

Continuamos a falar de direita e esquerda, de sequência de Fibonacci, de direitos humanos, da revolução da mídia, mas a grande verdade é que nunca se discute a base de tudo isso. A escola é um grande monstro de desestímulo às discussões benéficas. Não se fala sobre sexo, sobre o papel do ser-humano, sobre as nossas diferenças. Prega-se o igual. Tu tens que ser o mais inteligente para passar no vestibular e aí colocarem o teu nome nos outdoors, sem que eles se preocupem se é isso que realmente queres. Ser inteligente, curioso e querer descobrir não te faz uma pessoa melhor no colégio; ao contrário, te torna uma ovelha negra, numa época em que nossa cabeça não está muito estabilizada com nós próprios e com o mundo. Sem falar da necessidade que as escolas têm de passar os alunos para que eles continuem matriculados nelas.

Cansei-me, sinceramente. Desculpem pela trivialidade do texto - todo mundo já falou mal do sistema - mas eu me indignei com a situação do nosso país, que eu amo muito. O dinheiro está inundando nossas bolsas de valores, mas também o coração das pessoas. Estamos ficando mais importantes, temos mais poder e possibilidades, mas não estamos disseminando o respeito, a educação e os bons valores. Acabaremos formando conservadores, burocratas, pessoas frias; acabaremos com mais carros poluentes nas ruas e mais pessoas comprando outras pessoas; não haverá espaço para confiança, porque as verdinhas são os contratos.

Tô cansado de culpar o capitalismo; a culpa é da natureza humana mesmo, coisa que nunca discutimos porque nos parece trivial demais. "Ele faz, eu faço também" dizem os idiotas. Cansei-me dos idiotas também. Cansei-me dos não-humanos, desses zumbis que andam de óculos escuros neste mundo ensolarado.

Leitores deste blog, são pessoas como vocês que me incentivam a continuar! Obrigado!

Saturday, April 2, 2011

Mankind

I wish the term "mankind" would mean the same as kind man.