Tuesday, February 28, 2012

Felicidade instantânea

"Saiu a música nova!"
Baixei
Ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi,
ouvi, ouvi, ouvi, ouvi...

Tuesday, January 31, 2012

Madrugada

A madrugada
É um vazio
Que me preenche
Que não me faz pensar
Que só me deixa ser e estar
Me faz sonhar acordado

Mexo no cabelo
Escrevo no computador
Mudo a música
Ela tá ali
Não reclama; consente

A madrugada é uma aliada
Uma amiga fiel
Uma amante
Me deixa ser sem cobrar
E a gente sabe
Que após todos os dias
Por mais pesados e corridos que tenham sido
Ela vai voltar
E vai trazer consigo
A leveza da delicadeza
E a lembrança da simplicidade

Saturday, January 21, 2012

The Cranberries, International Relations and Justice

So I was listening to "Animal Instinct" from The Cranberries and suddenly it struck me: where is my animal instinct? Do I have one?

In order to get to the answer, I have to recap some of the things that have happened to me recently.

I have been walking over London looking out for a job. It works like this: I wake up, I go to an off license shop, I print and copy a lot of CVs and then I hit the streets. I get on the tube, reach any place I think might have any opportunity for me and wander around, always with eyes wide open for any "staff required" sign. What am I looking for? It's not just any job. If I've learnt any lesson from my previous job - where I worked from 50 to 60 hours per week and where people had no time to go out - is that I'm fighting against this system. I'm looking for a place where employers and employees work together and respect hierarchy, yet both know they are humans and can learn from each other. I'm looking for people who don't equate what you do for living with what you do while you live, people that take their time every now and then, people that can appreciate a sunset. I'm looking for a place where being kind doesn't mean being weak.

Am I asking for too much? And the more you walk, with the wind blowing in your face, bringing no answers, but more questions and doubts, the more you see that the opposite places and people are out there, reading, writing, teaching their children, producing, consuming, affecting you somehow. Consequently you wonder: where do I fit? Where am I suitable? and you also realize how many people have to work just to make some money and survive, having no time to think about themselves and their wellbeing. It's also dawn to you the fact that we are, in general, so demanding - scrutinizing people, what they do and why, what they wear and why - and that we are so many. We are a mass of people, driven by market forces, where everyone has to be different and super-ultra-good in something very specific, and by doing so we end up being all the same. We criticise, but we are the ones who demand, who want everything always better, faster, stronger, cleaner, taller, smaller, etc, usually not doing ours best so as to deserve it.

So finally there is the animal instinct; it's fueling people's everyday lives, waking them up and leading their decisions. I know I'm now entering a political field, the old discussion involving the state of nature and law, but it's almost impossible for someone who studies International Relations and has always been very curious to keep it out of his/her thoughts.

Anyway, I realized I may have animal instincts deep inside me, hidden somewhere, maybe blocked, but what I do have and I'm most proud of is my human instinct. It's not about greed, safety, cheating, advantages or efficiency. It's about self-conciousness, happiness, sense of humour and justice.

I'm fighting for justice and this is my manifest. I know I'm not the only one and I do know the world is going to bring me down several times, but I won't give up. My human instinct may be not natural, it's likely to have been constructed by my family, my education and the things I have seen or simply by my ingenuity. But it doesn't matter. My mind will always be a resort to my ideas, my body will lead the way to actions and words, and if everything I have now is solid and consistent, it's because I've followed my heart.


Sunday, January 8, 2012

Cobaia



Cada distorção da guitarra
É um arranhão que me dás
São as tuas unhas encravadas na minha pele
É o suor que escorre no nosso corpo uno
É a vontade de te conhecer melhor
São mais hormônios na corrente sanguínea
É o desejo de te ter, de te possuir
São os gemidos que me sussurras aos ouvidos
São puxões de cabelo

Esta música me erotiza como poucas coisas o fazem. Vou usá-la contigo, amor desconhecido.

Monday, January 2, 2012

E=mc²

É tão estranho e engraçado notar como vemos o tempo. Uma hora pode passar num segundo quando temos um amigo ao nosso lado, e dez minutos tornam-se uma eternidade se estamos entediados em casa. Mas, mais do que o comprimento, importa-me mais a densidade dessa unidade de medida; o que se faz, o que se fez, o peso das decisões, as imagens vistas, o que se sentiu.

Acabei de perceber que domei o tempo, peguei-o de surpresa, tirei-lhe a varinha mágica. Antes estava fora, agora está aqui dentro! Posso tocá-lo, controlá-lo, mudá-lo e, principalmente, dar-lhe ordens! Tínhamos uma relação peculiar, dominada por incertezas, por medos, sobretudo o de que ele resolvesse não ser denso, ou seja, resolvesse ser longo e pouco intenso. Entretanto, lidar com a densidade do tempo é um daqueles males necessários, como aprender a se conhecer, como se descobrir. Para atar o tempo a si, é preciso ser paciente, astuto, e um bom ouvinte de si próprio.

Passei à fase 2. Se antes me achava feio, hoje me amo; se ontem eu era estranho e tinha poucos amigos, hoje não abro mão do que obtive; se não agrado, não é esta cabeça que se preocupa. Com o tempo é o mesmo, aprendi a conhecê-lo e a torná-lo o que eu quero que seja.

Um pôr-do-sol, uma borboleta, uma música, uma série de TV, um papo com amigos, uma tristeza, um choro, uma foto, um rio, uma piada, um prédio. As coisas simples de que gosto passaram a preencher o vazio daquele tempo chato, daqueles dias em que tudo não funciona e que, antigamente, o tempo tornaria ruim. Hoje eu o pego, o castigo e digo não! "Hoje não me vences!"

O tempo é mesmo relativo, porque somos nós que devemos torná-lo denso, aproveitável, intenso e maravilhoso. Pode parecer que não há nada à nossa volta, que o tempo é curto ou longo demais, mas não é isso que importa. Quando estiveres assim, meio pra baixo, perguntando-te se as coisas valeram/ valem a pena, basta olhar dentro de ti e ouvir bater o coração. É ali que está o ritmo da vida!

Tuesday, November 29, 2011

Nostalgia

15 anos
Estava lá sentado
Ouvindo aquela música
Que me fazia refletir
Sobre o que eu poderia fazer na vida

21 anos
Estou aqui sentado
Ouvindo esta música
Que me faz refletir
Sobre o que poderia ter feito quando tinha 15 anos

Wednesday, November 23, 2011

Honestly

I am tired of asking you how you are doing
and listening "not too bad"
I am tired of pretending I find you funny
and agree with your stupid thoughts
just because of this fucking job
I am tired of being treated as a dog
while you are on the computer
I am fed up with being fed up with my heart
when it tries to humanize you
I am tired of hearing you say that one should care about people
while you judge your loyal customers
I am tired of convincing myself that you are nice
and having an everyday proof of the opposite
I am negatively puzzled with your capacity to hurt people
and not to be aware of that
I am impressed with your lack of sensibility

"So what you like? I love coffee. Pff, the money is shit!"

You and these stupid people
You and these materialists
You and these moneyaddicteds
You and this false mask of apparently being good
You and this "you have to be pretty for the girls"
You and this deep hurting selfish laughter

I am tired of you pulling me down
and saying what's right through your narrow lens

Honestly, FUCK YOU!

Monday, November 14, 2011

Instante

Como posso sentir tanto
o que aos outros nem toca?

Como?
Como, mãe? pai?
Como me fizeram assim?

Por que ninguém me diz "te entendo!"?
Pareço-me um vácuo

Não sei nem ao certo o que quero dizer, mas quero dizer algo
Fica aqui registrada essa necessidade de expressão

Sunday, November 13, 2011

Toda mudança começa com uma ideia (idéia).

Aqui em Londres, estou morando com portugueses, e o convívio com eles tem sido muito sadio e produtivo. Além das brincadeiras e jantas que fazemos, temos muitas conversas interessantes sobre os mais variados assuntos. No entanto, um que vem se destacando é a Língua Portuguesa. Creio que seja natural que ocorra esse tipo de debate, visto que no próprio ato de falar nos apercebemos diferentes, e aí se geram mais coisas a serem abordadas.

A questão que mais deu pano pra manga e que mais me tocou, no sentido de me pôr a pensar, foi a norma culta. Estávamos conversando sobre as diferenças entre o português brasileiro e o europeu, quando os nossos amigos portugueses disseram: norma culta? A gente nem estuda isso.

O que vimos no Brasil é um total descolamento entre o que se fala e o que se produz e escreve. Parecem água e óleo, não se misturam, mesmo que se force. Um não se interessa pelo outro, e misturá-los é muito difícil. Gostaria de lançar a discussão e de fazer vocês pensarem a respeito da Língua Brasileira, e mais, de como somos ensinados a nos comunicar e escrever no Brasil.

A disciplina de português nos parece uma doutrina, algo sério demais, um ser superior. Estudamos os tempos verbais, as regras de próclise, ênclise e mesóclise (!), as regências nominais e verbais, entre outros, e, no fundo, o que estamos estudando é "como ser entendido em Portugal". De quê nos serve estudar algo de maneira tão minuciosa se só o usamos para escrever em situações restritas, se não somos compreendidos pelos nossos conterrâneos, se não sai com naturalidade? Crescemos a vida inteira ouvindo frases como "Te amo" ou "Não quero te ver hoje!" e estudamos que estão erradas. O português virou uma coisa chata, sem graça, sem pé nem cabeça, desinteressante e, pior, torturante. Não valorizamos as culturas locais, deixamos de discutir neologismos e usos da língua porque estamos estudando como ser compreendidos em Portugal.

Os portugueses nem precisam pensar para escrever, a língua simplesmente se transfere da mente ao papel, não há limites, grades, regras, ela se torna criativa. Nós, brasileiros, estamos presos a uma realidade que nos é diferente, distante, abstrata.

Obviamente não acho que devemos sair por aí e tornar correto qualquer tipo de uso da língua, até porque, inevitavelmente, daqui a alguns séculos poderíamos nem nos entender. Mas trazer uma teoria para mais perto da realidade sempre a torna mais inspiradora, instigante e inteligente. O que se faz nas escolas do Brasil é uma doutrinação linguística, é uma reprodução do que deveríamos falar. Parece que estamos sempre errados, sempre errando, que somos desleixados, que não nos importamos. E a culpa recai, numa espécie de ciclo vicioso, em boa parte sobre os alunos, desinteressados, que não param para pensar sobre a sua identidade linguística, sobre as expressões fonéticas que mais correspondem ao que sentem, sobre a naturalidade do falar. O português está tão distante deles, que a maioria não lê, não escreve e/ou não acha que aquilo seja relevante.

Proponho uma abertura mental, uma abordagem mais relax, uma independência da Língua Portuguesa Brasileira. Que ela se torne livre da nossa preguiça de pensar, de organizar, que ela não seja mais uma vítima da tradição conservadora. Afinal de contas, onde já se viu termos que parar para raciocinar ao escrever, sendo que a escrita nos toca no âmago da subjetividade, da paixão e da inspiração?

Sejamos menos puristas, por favor, e sejamos mais originais. Um país tão grande, rico e transbordando de culturas merece uma identidade mais consolidada. Se demos o nosso famoso jeitinho brasileiro para burlar as regras do português europeu, que sejamos maduros e responsáveis o suficiente para lhe dar uma cara legal e para torná-lo um traço cultural valioso, e não um bicho de sete cabeças.

Monday, September 26, 2011

Metafísica egoísta

Eu tenho em mim uma quantidade imensurável de sonhos, de expectativas, de esperanças, de lições, de sentimentos que ainda não encontram correspondentes nos dicionários. Tenho alguns quilos de carne fresca, cerca de 70% de água e uns carboidratos aqui e acolá. Não sei como esse físico e essa metafísica se inter-relacionam, como lidam com seus acordos, como estabelecem pactos. Não sei quando nem como, mas tenho a certeza absoluta de que a metafísica não muda o meu status-quo, não se dá por vencida, não lhe convém aceitar uma paridade igualmente justa.
A minha metafísica é ruim, é invejosa, gosta de que transborde sobre o tocável aquilo de que é feita e que, ironicamente, não sabe como chamar-lhe.