Aquilo me intrigou, de certo modo. Antes, um ser-humano que é para os outros, que se doa, se dá, se joga; agora um homem para si. Não pude vê-lo e analisá-lo tempo suficiente para dizer se ele estava triste ou alegre, mas com certeza ele estava refletindo sobre algo. Talvez na efemeridade da vida? Talvez numa doença que acabara de descobrir? Talvez na traição da sua esposa? Talvez no dinheiro que receberia pelo trabalho? Não sei, mas a intriga me pegou!
Não pela curiosidade - o que eu mesmo esperaria de mim! -, mas pela percepção de que somos vários. Somos vários porque queremos ou porque não queremos ser nós mesmos? Porque temos vergonha ou porque não temos outras opções?
Seja qual for a resposta, o certo é que há vários eus e outros em nós. O certo é que, em muitos momentos, temos que nos adaptar a situações. Mas eu tenho um receio: o de que, ao sermos as várias coisas, deixemos de ser nós mesmos.